Por Daniela Xavier em 28 de dezembro de 2009
Um número considerável de nações têm um número de cristãos menor que os da comunidade onde você se reúne livremente aos Domingos. Em algumas realidades, os próprios pais matam seus filhos brutalmente se souberem que eles se tornaram cristãos.
O desafio dos povos não-alcançados ou pouco evangelizados ainda permanece aí, diante de nós. Algumas organizações se empenham em alcançá-los, outras em estudá-los, outras em enviar os poucos dispostos, outras a orar, contribuir, criticar métodos atuais, propor novos métodos, etc. Todavia, uma parte majoritária da Igreja, lamentavelmente, não se sente tão incomodada com a realidade missionária a ponto de romper o estado de perplexidade rumo ao posicionamento prático que a encarnação nos sugere.
Segundo a missão internacional Servindo a Pastores e Líderes (SEPAL), a igreja evangélica cresce em uma projeção tal, em termos numéricos, que temos a possibilidade de nos tornarmos a metade da população brasileira em 2050. Não temos um número exatamente preciso sobre quantos missionários a igreja enviou para o campo missionário nos últimos 10 ou 20 anos. Sabemos que há aproximadamente 30 milhões de cristãos no Brasil. Mas, a proporção de missionários enviados por esse grupo é de 01 missionário para cada 10 mil convertidos, em termos de missões transculturais.
Imagine se nós assumíssemos a grande comissão com uma postura efetiva, como igreja brasileira, e nos dispuséssemos a encarar com seriedade o mandamento de Jesus de pregar o Evangelho a todos os povos. Imagine se de cada 1.000 cristãos tivéssemos 01 missionário? O que poderia acontecer espiritualmente com o planeta Terra?Agora, pensemos em missões urbanas… No Brasil, temos grupos étnicos minoritários tão não-alcançados quanto a menor vila no interior da Eritréia em regiões afastadas, latino-americanas ou asiáticas.
As grandes cidades concentram ciganos, refugiados, surdos, miseráveis ou pessoas em situação de rua, grupos de cultura distinta como os skinheads, devotos de seitas diversas e, até mesmo cadeirantes sem acesso às igrejas por causa da falta de rampas ou crianças órfãs esquecidas em abrigos, dentre outros. Esse enorme desafio conta, em contextos evangelizados, com uma presença cristã significativa e milhares de missionários, muitos deles anônimos atuando nessa seara. Sabemos, certamente, ao olhar nas nossas grandes praças, que esse número de abnegados, além de insuficiente, pode e deve ser mais bem preparado para atuar efetivamente entre esses grupos.
O que se percebe hoje ser um grande desafio missionário, talvez não seja tanto a realidade que descrevemos dos povos urbanos ou tribais não-alcançados. Talvez, não seja necessariamente apenas a tradução da Escritura para cada idioma, a entrada segura de missionários em nações fechadas, ou ainda, o alcance do povo mais remoto e sem conhecimento de Jesus. Talvez, o maior desafio missionário é alcançar o exército indiferente que, no conforto da ‘graça’ se choca e lamenta todos os Domingos em nossas melhores igrejas, esquecendo do que ouviu algumas horas depois. O maior desafio missionário é começar um grupo de missões em uma igreja que só busca a benção por ela mesma. O maior desafio missionário é termos um jovem de 18 anos de idade, bem discipulado vocacionalmente para que, ou na Universidade, ou no Seminário Teológico, ou na Agência Missionária, doe seu melhor para a glória de Deus, fazendo diferença na sua geração e nas próximas, e viva para uma causa e um bem maior que ele mesmo. O Cristianismo legítimo nos leva a abraçar causas e responder questões que beneficiam outros, mesmo que em detrimento ou sacrifício de nós mesmos.
Por fim, o maior desafio missionário, é termos uma igreja que ora, informa, envia e sustenta responsavelmente em todos os sentidos seus melhores homens e mulheres para a tarefa da Grande Comissão. Foi isso que fez a Igreja multicultural de Antioquia, que impactou diversas regiões da Ásia e da Europa. Que colaborou para o alcance de nações como a Inglaterra, ainda nos primeiros séculos. Ela enviou Barnabé e Saulo, parte de sua liderança, para uma obra que o Espírito Santo direcionou.
Não pensaram somente em suas próprias necessidades. Não pensaram que perderiam grandes obreiros. Não pensaram nos custos financeiros. Não pensaram nem mesmo no custo emocional do afastamento, da saudade que seus amigos deixariam. Eles, conforme o testemunho das sagradas escrituras, “lhes impuseram as mãos e os despediram” (Atos 13: 1-3). A igreja de Antioquia foi direta e historicamente responsável pelo alcance de nações como os Estados Unidos da América e, mais adiante, o próprio Brasil.
Uma igreja missionária pode alcançar pessoas e nações inteiras. E você e sua comunidade também. Uma igreja saudável foi feita para acolher, mas também, para saber enviar e despedir. Igreja é movimento e não um monumento. Ainda nos alarmaremos em nossas poltronas com os “incômodos índices missionários” ou seremos capazes de nos levantarmos e tomar uma atitude concreta?
Igrejas missionárias mudarão o mundo. Sua comunidade pode transcender o ordinário para participar da evangelização do mundo. Basta romper com os medos e com o egoísmo. Participe de alguma forma do que Deus está fazendo entre as nações. Celebre com Ele a beleza dos povos e anunciai entre as nações, a Sua glória, e, entre todos os povos, as Suas maravilhas! (cf. Sl. 96:3).
O maior desafio missionário é o meu e o seu coração!
Maranatha…
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